domingo, 23 de maio de 2010

LONELY END

As vezes tento me convencer de uma verdade tão quase imutável, a de que estou sozinha, de que meu fim é sozinho. Não seria um tipo de drama, ou se quer um atestado depressivo, pelo contrário, é apenas uma fuga da conformidade. De fato, não importa quantos sorrisos carreguemos, quantas lembranças vivenciaremos, o fim é certo e solitário. Mas não faça muitos rodeios nesta verdade absoluta... Meu discurso é apenas um surto: Amanhã esquecerei desta afirmação realista imposta.

Por isso sigo contrariando o fim. Acumulando memórias, apegando-me a histórias, me vendo em gente, sendo gente.

Pois seria muito fácil me conformar e viver em vazio apenas pelo fato de que um dia tudo isso irá acabar.

2 comentários:

  1. Não tema a conformação com a transitoriedade das coisas. Porque nem tudo é transitório; e somente aquele que esta perfeitamente conformado com a transitoriedade da maioria das coisas é que está aberto para aquilo que há de verdadeiramente permanente. Ao invés de viver em vazio, ele é preenchido por uma substância genuina.

    Mas o que há de permanente? Decerto não os sorrisos que demos, mas aqueles que causamos; não as memórias que carregamos, mas a que carregam de nós; não o que somos para nós mesmos, mas aquilo que fizemos para algo ou alguém. Nossa vida não tem sentido senão em face de outra pessoa ou de outra coisa. A mãe em face do filho; o amador em face do amado; o filósofo em face da verdade; o artista em face da beleza; e o homem em face de Deus. O fim daqueles que souberam dar um sentido a suas vidas que transcendesse a eles mesmos nunca é solitário; porque se eles morrem, aquilo que fizeram ecoa na eternidade.

    Era isso o que eu queria dizer. Espero pelo menos que você não tenha sido incomodada por este estranho aqui.

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  2. E continue a escrever. Alguns dos seus textos são de uma naturalidade e exatidão raras.

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